Este sempre foi sempre um tema da minha preferência. Gosto muito de partilhar o que penso sobre este assunto…
Há algum tempo, durante uma live com a minha amiga Marta Gomes, surgiu este tema e prometi que escreveria sobre o assunto de forma a que todos pudessem refletir sobre o mesmo.
Certamente já escutaste, amigos ou familiares dizerem:
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- Não tenho tempo para nada, mas tem que ser…
- Até ganho bem, mas não tenho vida própria…
- Agora tenho muito tempo, mas não tenho dinheiro…
- Antes não tinha onde me coçar, até ganhava bem, mas agora o que tenho mais é tempo, já o dinheiro…
E poderia acrescentar mais exemplos de frases que representam aquilo que se passa com os outros…
📣Vamos tentar perceber como podemos enquadrar a organização destas duas variáveis, sem dúvida, tão importantes no nosso dia-a-dia.
OS QUADRANTES
Se pensarmos bem, existem quatro quadrantes fazendo variar, duas variáveis, o tempo e o dinheiro. (ver imagem)
✔️Quadrante 1 – Pouco tempo e pouco dinheiro
Muitas pessoas, infelizmente a maioria, vive com pouco tempo e com ainda menos dinheiro.
O trabalho que fazem ou o valor que entregam é por isso pouco ou nada valorizado.
Conhecemos muitas atividades profissionais em que ganham o salário mínimo ou pouco mais, e assim mesmo têm falta de tempo.
Para conseguirem um pouco mais de dinheiro, para além de pagar contas, por vezes hipotecam ainda mais tempo fazendo horas extras ou fazendo uma segunda atividade mal remunerada.
É frequente acontecer que existe excesso de pessoas a precisarem de trabalhar (desemprego) e falta de oportunidade de emprego. Com isto a lei da oferta e da procura acontece pelo que a remuneração tende a não crescer, sendo somente “empurrada” pela lei do salário mínimo.
✔️Quadrante 2 -Muito tempo e pouco dinheiro
Algumas pessoas estão neste quadrante. Umas de forma mais ao menos temporária (por exemplo, quando surge um desemprego), outras de forma mais permanente (os reformados).
É legítimo pensar que podem vir de qualquer dos outros quadrantes, contudo é mais frequente que tenham origem no quadrante 1.
As pessoas mais empreendedoras aproveitam este excesso de tempo para tentar saltar para uma atividade que lhe traga dinheiro ainda que temporariamente fiquem sem tempo.
Dependendo do desespero do contexto, há pessoas que aceitam trocar algum tempo mesmo baixando a taxa horária para níveis indefensáveis.
✔️Quadrante 3 – Pouco tempo e bastante dinheiro
Neste quadrante, estão alguns donos de negócios e quadros superiores de empresas.
Quem não conhece pessoas que deixam a família em férias, na praia, e vai lá passar só o fim-de-semana ou uma parte dele?
Quem não conhece pessoas que desempenham funções importantes dentro de empresas, mas quase não têm tempo para si e para os seus?
Respeitando a opção (já lá estive), esta é um tipo de escravidão socialmente muito aceite.
Respeito quem pense diferente, mas é neste quadrante que identifico como a rodinha dourada dos ratos… A roda é dourada, mas no final da corrida, só existe uma solução… Mais corrida!
✔️Quadrante 4 – Muito tempo e bastante dinheiro
Conheço poucas pessoas destas.
Pessoas que empreenderam em negócios que não precisam de forma permanente da sua presença. Sabemos de histórias de artistas conhecidos, que mesmo depois de mortos, os seus ativos (discos gravados uma vez) continuam a gerar rendimentos…
A escritora e produtora cinematográfica britânica, J. K. Rowling, que chegou a lecionar em Portugal, escreveu a série de livros Harry Potter. Os livros ganharam uma popularidade mundial, vendendo mais de 500 milhões de cópias. Eles tornaram-se a série literária mais vendida da história. Os livros foram adaptados para o cinema, fazendo assim com que os filmes entrassem na lista de filmes de maior bilheteria.
Depois do sucesso de Harry Potter, ela reergueu-se financeiramente e foi da pobreza a uma riqueza multimilionária em apenas cinco anos.
Estas e outras, são pessoas que desagregaram o rendimento do tempo, isto é, o que recebem não depende do número de horas trabalhadas, mas da qualidade do que fizeram.
São aqueles que têm uma renda passiva.
Já imaginaste trabalhar bem uma vez e receberes sempre que esse trabalho se duplica?
EQUILÍBRIO DINÂMICO
Segues um modelo?
De facto, o equilíbrio entre tempo e dinheiro é algo que a maioria das pessoas já desistiu de procurar porque julga não ser possível. Mas nada é mais falso.
Como a maioria só conhece um modelo, e do lado de dentro, tenta encontrar desculpas.
Afim de justificarmos as nossas opções, encontramos desculpas que nos sossegam a consciência mas não alteram a realidade.
Já escutaste…
- Pobre mas feliz;
- Quase não vejo os meus filhos, mas é para bem deles;
- Se eu soubesse o que sei hoje tinha estudado;
- Não podemos ter tudo.
Venderam-nos este modelo que sempre interessou a uma pequena minoria, e como não aprendemos outro, não conseguimos ver para além dele…
Vivemos no planeta terra… Se não fosse o desenvolvimento tecnológico, se não fossem as imagens de fora da terra, teríamos capacidade para o imaginar como ele é?
O modelo de trocar tempo por dinheiro, é o mais comum, mas não é o único nem o melhor!
Como estamos dentro do modelo, usamos desculpas pouco razoáveis…
No entanto, para justificarmos as nossas opções, encontramos aquelas desculpas que nos sossegam a consciência:
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- Pobre mas feliz;
- Quase não vejo os meus filhos, mas é para bem deles;
- Se eu soubesse o que sei hoje tinha estudado;
- Não podemos ter tudo.
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A pergunta que se deve colocar é:
Será a família, a qualidade de vida, o hobbie, a espiritualidade… O que é que efetivamente valorizas?
O que ganhas com o equilíbrio?
Normalmente, quem tem falta de tempo ou dinheiro, como resultado, começa a perder outra coisa, talvez aquilo que a esmagadora maioria das pessoas diz valorizar mais… A Saúde!
Seja por falta de dinheiro, seja por falta de tempo…
Segundo Steve McClatchy no seu livro “O Poder da Decisão”, uma pesquisa realizada em 2012, teve a seguinte conclusão:
“88% dos funcionários têm muita dificuldade em equilibrar trabalho com vida pessoal. Desses, 57% consideram esse um problema importante e que 64% consideram que chegam fisicamente exaustos a casa…”
SIM
Não será mais inteligente optarmos por consumir o nosso “balão de tempo” em algo que nos pode proporcionar esse equilíbrio em lugar de estar a esvaziar uma “poça de água na praia”?
Com equilíbrio entre tempo e dinheiro ganhas saúde integral
ALGUMAS SUGESTÕES
A minha sugestão é que, quer estejas, no Quadrante 1 ou Quadrante 2, invistas tempo (tenhas muito ou pouco) para chegares ao Quadrante 4.
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- Estar sujeito a uma decisão de alguém (ou até do mercado) que te tira a fonte de rendimento e te faça regressar ao Quadrante 1 ou 2;
- Passar uma vida obstinado(a) no Quadrante 3 sem viver um tempo de qualidade… Para mim, um tempo de qualidade, não é tirar umas “férias extravagantes”, que dão a sensação que fizeste a opção certa. Tempo de qualidade é, antes de mais nada, não deixares de fazer o que desejas por falta de tempo ou dinheiro, e ao teres que optar por um, não teres que ficar sem o outro.
ÚLTIMAS NOTAS
Como normalmente surgem objeções para a mudança, importa desmistificar:
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- Não é necessário ser radical e deixar tudo o que se faz na situação atual para assim optar por trabalhar no objetivo – Quadrante 4. Isto é, podes ir trabalhando no que te paga as contas, das “9 às 5” e depois ires fazendo a tua sementeira para colheres no Quadrante 4.
- Pelo facto de haver pessoas que ganham bem, mas são desonestos, não implica que para usufruíres do mesmo tenhas que te tornar desonesto. Do mesmo modo, o que os outros fazem num determinado contexto, não te obriga a teres o mesmo comportamento.
- O facto de sempre teres sido uma pessoa “remediada”, no meu ponto de vista, não invalida que não possas dar um salto qualitativo na tua vida… (Não esqueças a J.K.Rowling)
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CONCLUSÃO
É possível ter um estilo de vida diferente.
“Contribuir para um mundo de maior equidade, divulgando um estilo de vida com equilíbrio, entre tempo e dinheiro e com saúde, através da realização pessoal e profissional de qualquer ser humano.”
Que pensas da minha missão? Qual a tua? Comenta aqui ou envia uma mensagem.